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Sobre Alice, sonhos e ligações

segunda-feira, 31 de março de 2008

Ela me ligou no meio da manhã. De longe. Sentia saudades. Depois dos habituais cumprimentos, a revelação. "Nunca estive tão só", disse, como se falasse da quebra da economia norte-americana. Coisa de quem é íntimo demais para fazer de conta que nada se passa.

Ele mandou email agradecendo. O outro também. Cordialidade e generosidade virtuais. Coisa de quem sabe que é preciso não confundir camudongo com rinoceronte e que a própria dor deve ter sua medida.

Ela me mandou uma mensagem de texto via SMS. Desfazendo um mal-entendido, explicando desencontros pela noite. No dia seguinte, ligou chamando para uma cerveja, tendo a calçada à guisa de mesa. Coisa de quem preza o outro, sente falta e zela pela companhia.

Ele me chamou para conversar pelo Msn. De novo promessas falsas, possibilidades inventadas e mentiras abundantes. Coisa de quem não entendeu que a mentira às vezes é por demais clara, gritante. E que assim nada se sustenta. Como não se sustentou. E ele soube.

Ele conversou comigo tête-à-tête, olho no olho, sob o sol da tarde. Coragem para sanar a dor, e deixar o amor vir à tona, como deve ser. Coisa de quem se tem, e entende que às vezes é preciso parar no meio do caminho para corrigir rotas, traçar novas trajetórias.

Ele me surpreendeu. Panoramicamente. Ligou ao meio-dia para dizer que havia sonhado comigo. "Um sonho muito doido!", definiu, a seu modo. No tal sonho, do nada, eu tinha aparência dos que têm sua idade, e estão iniciando a segunda década da vida. Ante seu estranhamento em sonho, eu explicava que havia tomado uma pílula para rejuvenescer e era aquele o resultado. Coisa de quem não consegue disfarçar que já pensa no outro mais que imagina, e por isso imagina o impossível.

Por fim, e como não poderia deixar de ser, ele, "Seu Jung", mais uma vez deu o ar da graça na vida desse humilde escriba virtual. Muito do que está nesse post foi provocado por um texto que analisava Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, que reli semana passada e encaminhei para vários deles. Como é sabido, ela, a protagonista do livro original, toma pílulas, come um pedaço de bolo e várias coisas estranhas lhe acontecem. Mensagem captada por Ele, que nunca leu nenhum dos dois textos, mas mesmo assim foi alcançado pela mensagem e sonhou com uma possibilidade de Alice. Fazer o quê?

1 comentários:

  1. Thalles Walker disse...

    Jung, como sempre.
    Não posso deixar de cuspir em sua tumba quando for passear novamente no Père-Lachaise.

    1 de abril de 2008 às 11:50  

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