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Sobre feridas e cicatrizes

quinta-feira, 17 de abril de 2008


"
Todo amor busca compensar um desastre amoroso passado;
somos feridos antes da batalha
".

A afirmação é de Contardo Calligaris, em sua coluna na Folha de S. Paulo de hoje. Quem conhece esse humilde escriba virtual sabe que sou é siderado por esse moço. Há muito. Quase sempre parece que estou em seu consultório (é que além de colunista, ele é psicanalista e doutor em psicologia clínica), e que ele acaba de ouvir meu relato sobre os últimos acontecimentos disso que chamamos, sem nenhum cuidado, de vida.

Como se não bastasse, ele vai além. Analisando o novo filme de Wong Kar-wai (outra de minhas paixões), Um Beijo Roubado, Calligaris afirma:

"Os quatro personagens principais são todos inválidos da guerra das paixões. Ficam num canto lambendo suas feridas ou saem pelo mundo afora para esquecê-las ou cicatrizá-las, mas, de qualquer forma, para eles, um novo amor é a tentativa de compensar um desastre passado, que os deixou sem chaves para as portas da vida".

Pano rápido.

E eu (me) pergunto: se assim é, o que dizer daqueles que escolhem justamente a 'impossibilidade de' para compensar seu desastre anterior ou curar suas feridas? Como entender alguém que insiste em amarrar esperança naquilo que se sabe decepção certeira? É possível acreditar que o vazio de promessas que nunca serão cumpridas consiga suprir o vazio deixado no coração (que ainda assim pulsa, sangra e dói?)

Silêncios. E nenhuma certeza. Só a vontade de não precisar.

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