"Todo amor busca compensar um desastre amoroso passado;
somos feridos antes da batalha".
Como se não bastasse, ele vai além. Analisando o novo filme de Wong Kar-wai (outra de minhas paixões), Um Beijo Roubado, Calligaris afirma:
"Os quatro personagens principais são todos inválidos da guerra das paixões. Ficam num canto lambendo suas feridas ou saem pelo mundo afora para esquecê-las ou cicatrizá-las, mas, de qualquer forma, para eles, um novo amor é a tentativa de compensar um desastre passado, que os deixou sem chaves para as portas da vida".
Pano rápido.
E eu (me) pergunto: se assim é, o que dizer daqueles que escolhem justamente a 'impossibilidade de' para compensar seu desastre anterior ou curar suas feridas? Como entender alguém que insiste em amarrar esperança naquilo que se sabe decepção certeira? É possível acreditar que o vazio de promessas que nunca serão cumpridas consiga suprir o vazio deixado no coração (que ainda assim pulsa, sangra e dói?)
Silêncios. E nenhuma certeza. Só a vontade de não precisar.
0 comentários:
Postar um comentário