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Ai que ódio!

domingo, 6 de abril de 2008


Que ele a traía,
ela já desconfiava. E não era de hoje. Há muito, colecionava evidências. Mas não quis se precipitar, esperava por algo contundente. Uma situação que não lhe desse chances de negativas, nem de desculpas. Na verdade, temia por sua reação nesse momento, quando ele chegasse. Mas ansiava por ele.

E ele chegou. Fim de tarde, indo para a casa de uma amiga, beira-mar. Quase bateu o carro ao vê-lo, mãos dadas com uma sirigaita, flanando pelo calçadão. Como se dois namorados fossem. E eram. Ela não teve dúvidas.

Estacionou o mais rápido que pôde. Carro enviesado roubando duas vagas. Não quis nem saber. Bateu a porta e rumou ao casal de enamorados apressada, olhos esbugalhados de ódio. Turbilhão de sentimentos e idéias ao mesmo tempo. Cérebro remoendo. Coração disparado.

Enfim, alcançou-os. Parou determinada em frente ao casal. Ele, impávido, como se nada acontecesse. A sirigaita, sem entender nada. Súbito, veio-lhe o insigth. Do nada, dirigiu-se a ele e, chamando-o pelo apelido íntimo inquiriu, impositiva: "Fulaninho, preciso de 20 reais, me arranje aí".

Ele não titubeou, sacou rapidamente a carteira, tirou duas notas de R$ 10 e entregou. Ante o olhar atônita da outra. Ela, vingada, pegou o dinheiro e seguiu. Que não era mulher de armar barraco no meio da rua.

Saiu vingada. Estava certa que o havia colocado numa sinuca de bico. Queria ver como ele explicaria à sirigaita porque lhe havia dado o dinheiro de imediato. Sem questionar nada. Ah, o doce sabor da vingança! Quase gargalhou quando chegou no carro e pensou como ele estaria naquele momento. Lance genial no jogo de xadrez que havia armado!

A alegria só findou dias depois. Quando, no salão de beleza, entre uma e outra escovada nas madeixas, soube de como ele havia dado a volta por cima - magnificamente - da saia justa que ela havia lhe causado.

Na conversa apreendida ao pé de ouvido, escutou a história das duas manicures do lado (certamente amigas da tal zinha). Quando ela findou o encontro fortuito e saiu vitoriosa calçadão afora, a sirigaita virou para ele e perguntou: "Mas o que foi isso? Por que você deu dinheiro àquela mulher? Quem é ela? Você a conhece?".

E ele, na maior tranquilidade: "Amorzinho, essa é uma doida que sempre que me encontra pede dinheiro. E eu lá vou contrariar doida! Dou o dinheiro na hora! E me livro dela".

"Ai que ódio!", foi só o que lhe coube pensar. E sair do salão, escova pela metade, o mais rápido que pôde.

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