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Requiem

sexta-feira, 25 de abril de 2008


Ele se foi.
Tento não chorar, mas dói. Insuportavelmente. Há em mim agora a falta, que ele já faz. Parece que não aconteceu, clichê dos clichês, mas fato. Egoisticamente, é muito doloroso perder alguém por quem se sente amado. Alguém que fazia questão - por palavras e atos - que você se sentisse amado.

Choro, paro, vejo o cartão do último Natal na minha frente. As letras quase começando a desaparecer em cima do papel. Como ele, que de alguma maneira começou a. Mas só de alguma maneira.

Recordo os abraços, sempre fortes, intensos. As conversas, muitas, freqüentes. Tento esquecer que Ele surgiu do nada, insuspeitado, ao saber de minha dor quase indizível. E se fez presente. E se recusou a aceitar menos que o máximo para aplacá-la. E foi, efetivamente, em busca de soluções.

Me permitirei ser só gente nesse momento. Sentir falta do ombro que eu tive, dos olhos que me olhavam com uma admiração desmedida (e imerecida), do incentivo persistente, da inteligência ímpar, da interlocução fluída e surpreendente.

O sentimento de orfandade é uma das definições possíveis para essa dor que sinto agora. Talvez porque sempre me chamasse de "meu filho", quando me encontrava. Talvez. Muito dessa cidade perdeu o encanto, muito de mim perdeu o encanto. Mas volto ao cartão natalino, profético. Como um recado póstumo a me dar uma última missão e alimentar forças para superar essa dor.

Siga em paz meu comandante. Fique com Deus meu Presidente.

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