Por vezes, muitas, a coisa está tão na nossa cara que a gente não se apercebe. Este fim de semana deu-se isso comigo. Ainda na ressaca de não ter conseguido comprar os ingressos para o show de Madonna no Brasil (Rio ou Sampa, whatever), pensava no quão trangressora e importante a moça era para o mundo, para várias mudanças de comportamento que passamos nas últimas duas décadas, para visibilidade da causa gay, para a sexualidade em tempos de tanto caretismo, para sua capacidade de se reiventar eternamente, etc etc etc.
Mais. Do quanto pretendo chegar aos 50´s com sua boa forma, elasticidade e senso de juventude. Enfim, de como ela é verdadeiramente foda e fundamental para se entender esses tempos em que vivemos.
Qual o quê? Como sempre o tal do destino zombra da minha cara, samba na minha carcaça. Panoramicante. Meio que por acaso, e sem fazer grandes esforços, fui assistir ao mais novo show de Ney Matogrosso, Inclassificáveis, último sábado. E lá, qual epifania, deu-se o óbvio. Que Madonna que nada, rapaz! Trangressor mesmo e fundamental é esse homem, que, aos 67 anos (eu disse 67 anos, quase a idade do pai desse humilde escriba virtual), rebola no palco com a graça, a vitalidade e o corpão que muitos garotões de 20 e poucos nem sonham em ter.
E, história por história, foi ele quem requebrou (literalmente) em pleno regime militar, desafiando os limites do que era masculino e o que era feminino, mostrando o quanto essas convenções eram (e são) frágeis. Transbordando lascívia no palco. Insinuando, se insinuando, fazendo a platéia desejá-lo e demonstrando desejo pela platéia.
Platéia, por sinal, múltipla, diversa. Senhoras muitas, muitos casais de rapazes, casais de moças, sem preocupação de demonstrar seus afetos publicamente. Território longe de guetos - tradicionais ou não. Quer algo mais libertário que um show desses?
Hoje, há pouco, conversei com ele. E não é que o filho da puta conseguiu se superar e me surpreender mais uma vez?!Além de estar espetaculosamente lindo e sedutor na entrevista, a certa hora, me olhou dos olhos, e me tirou de tempo.
Havia perguntado se ele acreditava em relacionamentos monogâmicos duradouros (um assunto que bombou entre nós nos últimos dias). Ele olhou para mim sério e respondeu: "Sim, eu acredito". Parou e manteve o olhar nos meus olhos por cerca de 15, 20 segundos. Em seguida, sorriu de esguelha e completou, mantendo o olhar (safado) no meu: "Só não consigo ter". E sorriu.
Filho da puta! Aí eu pergunto: alguém aí ainda precisa de Madonna?

Mal Necessário
(Composição: Mauro Kwitko)
Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou as mesas e as cadeiras desse cabaré
Sou o seu amor profundo, sou o seu lugar no mundo
Sou a febre que lhe queima mas você não deixa
Sou a sua voz que grita mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta quando as vozes se ocultam
Nos bares, nas camas, nos lares, na lama.
Sou o novo, sou o antigo, sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo, mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta, o que lhe atormenta e mata
Sou o certo, sou o errado, sou o que divide
O que não tem duas partes, na verdade existe
Oferece a outra face, mas não esquece o que lhe fazem
Nos bares, na lama, nos lares, na cama.
Tô com medo de dizer, mas...
EU PRECISO SIM!!!
Beijo
10 de setembro de 2008 às 17:20
Lingua, eu tô com você e não abro!
11 de setembro de 2008 às 04:43
eu tb!
23 de setembro de 2008 às 15:42